Todos os dias vejo minas que ainda não tem segurança com o próprio corpo. Não se amam, se sentem mal, são maltratadas em casa, no trabalho, nas festas. As vezes fico pensando como pode em pleno 2016 ainda termos que lidar com comentários maldosos ou falta de liberdade com os nossos corpos, e faltam projetos que façam com que não só a sociedade padronizada, mas também as meninas que sofrem esse preconceito, entendam como é importante a aceitação do corpo gordo.
E foi ai que cheguei no trabalho um dia essa semana e dei de cara com o curta GORDA, da youtuber Luiza Junqueira. Já tinha visto um pouco de divulgação nas redes sociais da Luiza, e parei na hora para ver do que se tratava.
De cara já senti um misto de alegria e orgulho daqueles que vem lá do fundo. O filme mostra o corpo gordo de uma forma delicada e da qual nem nós gordas estamos acostumadas a ver... É normal ver corpos magros retratados com delicadeza e sensualidade em todos os tipos de mídias, mas ver corpos gordos sendo retratados assim é uma surpresa até para quem vê suas curvas todos os dias no espelho.
O filme mostra o depoimento de três mulheres diferentes, com rotinas diferentes e mentalidades diferentes mas com o corpos gordos. É incrível como as três, apesar de estarem em fases diferentes da vida e de sua aceitação, relatam as mesmas coisas que todas as meninas gordas que conheço falam sobre: o preconceito, a dificuldade em se aceitar, a criação baseada na padronização da beleza.
Eu vejo uma loucura em torno de dietas e exercícios pelos motivos errados e infelizmente eu não vejo isso vindo só de pessoas magras.
Mas afinal, porque toda mina gorda deveria ver esse filme? Porque a gente merece ver o nosso corpo da mesma forma que o filme mostra! Em 15min de filme eu chorei, sorri, me identifiquei ou não com o que as mulheres que o protagonizam contam, mas mais do que tudo isso, entendi muitas questões sobre as quais me questionei durante anos. É bom saber que os "errados" são os outros, porque nós crescemos ouvindo que não podemos x coisas ou devemos aceitar o preconceito por não estarmos (certas) dentro do padrão. Mas é quando descobrimos o que passam pessoas iguais a nós, que tiramos o peso de não ser o que os outros querem das nossas costas, afinal, ele não é nosso.
Além disso, as três tem muito a ensinar para quem ainda não conseguiu desconstruir a própria imagem negativa. Como já falei aqui no blog, é uma luta diária... Mas que fica mais fácil quando temos a ajuda de um filme tão bem feito e importante dentro de uma sociedade gordofóbica.
Um filme sobre gordas, feito por gordas para gordas. Não tinha como ser diferente.
"Gorda sim, maravilhosa também"