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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Eu demoro


Eu demoro
Eu costumo seguir o meu caminho a passos curtos e olhadas lentas para as coisas que me rodeiam.
As esquinas e os prédios antigos, os postes que trazem dizeres ilustrando a vida e esse tal amor sobre o qual falo nas entrelinhas. Os pássaros que cantam e motoristas parando em faróis que não brilham nada perto dos últimos dias de sol.

Eu demoro
Demoro pra chegar em qualquer lugar que me limite o campo de visão porque eu gosto de ver além. Paredes, tetos e janelas só me atraem até o momento em que procuro algo maior, mais liberto e que permanece em mutação.

Eu demoro
Vou caminhando devagar pra não perder cada coisa que o meu globo ocular enxerga, cada barulho que me desperta a audição de algo muito maior que eu.
As mesmas luzes que me cegam me iluminam, e cada encontro inesperado no caminho me faz ver que o meu corpo não é nada perto desse vier.

Eu demoro
Pra plantar, adubar e regar as flores que deixo a cada passo que dou.
Essas flores que são tão maiores que eu, elas que habitam o meu jardim particular.

Eu não tenho pressa.

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