Eu costumo acreditar que nós passamos a vida cultivando
coisas. Não falo de coisas materiais, nas quais se pode tocar, mas sim do que é
invisível aos olhos. Algumas pessoas cultivam amizades, outras rancores,
algumas se apegam as ilusões e as cultivam, mas sempre tem alguma coisa que
você cultiva mais.
No meu caso resolvi cultivar sonhos, dos mais variados,
desde ser uma sereia aos 7 anos, até casar com o vocalista da minha banda
favorita aos 15. Mas além dos pouco prováveis existiram sempre os viáveis, porém
difíceis, afinal se fossem fáceis não seriam sonhos. E também sempre fui cheia
desses sonhos possíveis, e com o tempo fui transformando boa parte deles em
metas. O principal foi o sonho da faculdade, não qualquer faculdade, mas AQUELA
faculdade, a pública, concorrida e difícil de passar. E ai um sonho persistente
começou e por sorte ou destino se realizou recentemente.
E foi agora, de cara com a realização, que eu parei para
refletir se a Nicole de 2011, se formando na escola e no técnico, imaginava tudo
isso. E parei pra pensar sobre as diversas coisas, que eu tenho certeza, que a
Nicole de pouco mais de um ano atrás jamais imaginaria.
E é engraçado pensar assim, mas fazendo um panorama eu era
uma menina que tinha certeza de tudo, ou quase tudo. Tinha certeza que era
muito madura, tinha certeza que não queria mais fazer moda, que seu lance era
mesmo jornalismo. Tinha certeza de quem e o que queria ser dali a dez anos.
Tinha certeza de ser estável e racional emocionalmente falando. Tinha certeza
de que tudo o que eu queria era a estabilidade e continuar tendo certeza das
coisas. Queria que a minha vida seguisse o script montado por todos os meus
sonhos.
E então, essa menina cheia de si se viu sem certeza alguma e
fazendo algo que estava fora do script. E em um ano, um ano bastante árduo de
cursinho, diga-se de passagem, ela mudou muito. E fazendo um panorama sobre
essa Nicole de hoje, só posso dizer que ela não tem mais certeza de nada, não
sabe quem quer ser daqui a dez anos, mas sabe que seu negócio não é jornalismo.
E apesar de ser tão ansiosa, agora se segura nos objetivos mais importantes,
sem planejar tão longe, porque sabe que a vida sempre muda o roteiro das
coisas. Já desistiu de mapear seu emocional, porque aprendeu, não da maneira
mais fácil, que pode ser mais louca do que imaginava quando se tratam de
sentimentos. E principalmente aprendeu que as coisas inesperadas são a grande
graça da vida, então, pra que ter um script?
Hoje eu sei que amadurecimento não é equivalente a certeza e
sim a saber encarar as coisas e principalmente aprender com elas. E apesar de
todas as mudanças, em frente a todas as coisas novas que esse ano me trouxe e
ainda irá me trazer só tenho certeza de uma coisa, de que vou como sempre
continuar cultivando os sonhos.
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