Minha vida anda de cabeça pra baixo. Não sei se sou só eu que tenho sérios
problemas em me adaptar a novas rotinas, e bem, acabo sempre me enrolando,
perdendo prazos e ficando sem dormir na tentativa de dar conta de tudo. Mas
gosto de acreditar que há muitas pessoas parecidas comigo nesse quesito, porque
isso me consola um pouco.
A verdade é que começar coisas novas nunca é fácil. E bem,
por mais que você tenha se preparado muito intelectualmente para o novo, é
quase impossível preparar suas emoções para o que você ainda desconhece. Pelo menos no meu caso foi assim, passei
muito tempo organizando minha cabeça para a faculdade, mas percebi que é muito
diferente quando você chega lá. E então aquelas primeiras semanas, que para a
maioria das pessoas são apenas semanas de recepção e comemoração, para mim
foram semanas de estágios, seis, pra ser mais exata.
O primeiro estágio,
ou etapa se preferir, foi o de pânico total. Acreditem, eu surtei. Talvez eu
nunca consiga especificar o porquê de ter surtado, mas eu me senti
completamente perdida, como se tudo fosse grande demais e eu não estivesse nem
um pouco pronta. Foi uma sensação triste de “quero ir embora daqui”, que só
passou com a chegada do segundo estágio. O de reconhecimento, não apenas do
território, mas também das pessoas. Acho que esse estágio foi um dos mais
decisivos, porque foi quando eu lembrei que não era a única passando por tudo
aquilo pela primeira vez, e logo fui me identificando com algumas pessoas e
iniciando processos de amizade. Um passo grande pra quem estava tão perdida.
Bem, então veio o terceiro estágio, o da euforia contagiosa,
quando o mundo te apresenta todas as possibilidades e você começa a querer
fazer tudo o mesmo tempo. Festas, atividades, movimentos, cursos, tudo é novo e
muito atraente num primeiro momento, e eu tive que tomar muito cuidado pra não
acabar me envolvendo em coisas demais e entrar em uma bola de neve da qual eu
não sairia tão cedo. O quarto estágio foi de certa forma fruto dessa euforia, o
do pseudo piriguetismo, se assim posso dizer. O estágio em que você entra quando
é solteira e está em um lugar novo cheio de belos rapazes. Mas como o próprio
nome diz, embora o piriguetismo aflore dentro de você, ele não se externa, ou
seja , posso até estar interessada em um ou vários rapazes, mas a timidez
definitivamente não me permite mais do que alguns flertes, por enquanto.
E então temos o quinto estágio, o choque de realidade, onde eu
conheci as matérias e percebi que não estou mais na escola, e que agora ninguém
mais vai pegar leve comigo. Por essa razão, é um estágio um pouco desesperador,
mas ao mesmo tempo foi onde eu fiz auto redefinições, e comecei a encarar como
uma oportunidade de encontrar meus limites e tentar supera-los, não por
desafio, mas por vontade de melhorar. Afinal a partir de agora serei apenas eu
e minha força de vontade.
O sexto e último estágio é o melhor de todos, é o estágio
que apesar de não ter nome é o mais fácil de explicar. Nesse estágio veio o
reconhecimento de que eu cheguei onde eu queria, e mesmo que algumas
expectativas nunca se realizem, muita coisa boa e inesperada vai vir. Não só no
campo acadêmico, mas principalmente no pessoal , onde eu vou aprender muito,
mudar muito, crescer muito, e estou confiante de que me divertir muito também.
Eu posso resumir o sexto estágio apenas dizendo que finalmente entendi que essa
é uma experiência grande e única, e que em algum momento eu vou encontrar a
minha forma de aproveita-la ao máximo, com calma e sem nenhuma perfeição.
Eu sei que experiências pessoais são diversas, e que as
pessoas não sentem e nem reagem da mesma forma. Afinal a mente humana é vasta
demais para ser sempre colocada em grupos ou classificações. Mas independente
de qual seja o começo, eu espero que todos tenham estágios, e que eles sempre
sirvam pra engrandecer as experiências e nunca diminui-las. O meu exemplo de
começo foi a faculdade, mas tenho outros ótimos, como o de uma amiga muito
querida que a um ano atrás começou um
blog muito bom, no qual eu escrevo algumas vezes e me sinto bastante orgulhosa
por isso. Tenho certeza que não foi um começo fácil e que ela teve seus
próprios estágios, mas eu sei que ela teve um “sexto estágio”, onde reconheceu
que o que estava fazendo era grande, e que com os caminhos certos tinha tudo
para ser ainda maior.
Então mesmo depois de tudo isso, é nessa posição que eu me
ponho, sempre a favor dos começos. Imperfeitos, desesperadores, com seis ou mil
estágios e com um forte potencial para a grandeza.
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