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quarta-feira, 13 de maio de 2015

Nos caminhos de São Paulo.


Eram 12h20 de uma manhã sem sol nem piedade. Acordei cedo e a essa hora eu já tinha passado pela zona leste, zona sul, centro... Essa cidade é longa demais. "Passado" no sentido literal da palavra, de um lado pro outro, de um túnel pro outro, por baixo da terra, dos prédios, dos lares, das lojas, dos cafés e de milhares, talvez milhões de pés que como eu estavam mais um dia, descobrindo algo novo por aqui.
Não que eu tenha feito algo novo de verdade. Desviar das árvores da avenida em que eu moro, pegar um ônibus onde o motorista me olha assustado por eu simplesmente dizer obrigado. Abre farol, fecha farol, abre farol, "acorda moça!" geralmente dizem quando eu ando devagar olhando para os carros e os prédios. Passa o bilhete, passa a catraca, o tempo também passa. Mal saí de casa mas já fazem 45 minutos!
Subindo as escadas eu acabo saindo em um lugar totalmente diferente do que eu estava no começo do dia. Dessa vez eu tenho que desviar das pessoas que esperam o farol mais uma vez abrir para chegar aos seus destinos. As árvores acabaram? Talvez essa seja a loucura de habitar essa cidade, e talvez seja a falta de habilidade para lidar com a mudança repentina que faz 80% da população se encontrar no diagnóstico "estressado".
Aqui tem verde, tem azul, amarelo, rosa e muito, mas muito cinza. Passar por aqui é quase não perceber as outras cores diante dos infinitos tons de cinza que fazem este lugar. Acontece que as cores estão por dentro...
Somos tão grandes que não dá pra olhar de fora e ver esses detalhes. Talvez São Paulo seja como alguém que está ali, vivendo cada dia na mesma rotina, hora bonita, hora maluca. Ela não dorme e vive com olheiras por causa disso, ela trabalha demais e usa aquelas 19h da sexta-feira como o refúgio pra se libertar um pouco. As vezes ela esquece de acender algumas luzes mas acredite, não tem nada mais bonito do que admirar as luzes dela. E você tem que adentrar o tal casaco cinza pra descobrir que nos seus caminhos ela guarda as suas cores, seus grafites, suas músicas, seus contos.
Nas escadarias do Sumaré, nos barzinhos da Vila Madalena, nos corredores de Santo Amaro, nos shoppings do Tatuapé. Nas lojas da Oscar Freire, nos skates da Roosevelt, nas baladas da Augusta, na feira da Benedito. Na arquitetura da Luz, nos cabos da Ponte Estaiada, nas curvas do Memorial da América Latina, no vão do Masp.
E nos outros mil destinos que você pode encontrar em um lugar só. Em uma semana só. Em um dia só.
Foi ai que percebi que viver aqui é a grande loucura de quem não quer que a vida seja uma coisa só. E descobri algo novo, de novo.

6 comentários:

  1. To morando em São Paulo há pouco mais de um ano depois de passar onze anos entre Pernambuco-Alagoas. Imagina pra mim a diferença que foi? Nasci aqui e com cinco fui morar naquelas bandas. Só que vivendo e conhecendo lugares novos a cada dia por aqui, me apaixono cada dia mais por essa cidade louca. Amo cada pedacinho, cada gente desesperada por conta de atraso, busão lotado, velhinha conversadeira de metrô e arquitetura de fazer a gente ficar com a boca escancarada em meio ao Vale do Anhangabaú com cara de idiota, haha. A maioria diz que detesta a cidade, mas no fundo, no fundo, só fica aqui quem ama. E eu amo, amo até quando odeio. Amo porque vivi em cidades paradonas, chatas demais, quietas demais por onze anos, quando dentro de mim, corria uma bagunça, um desespero, uma vontade louca de correr, viver, conhecer. Sentimento que só consegui liberar vivendo aqui.

    Amei o texto todo, especialmente a última frase. Eu não quero que a vida seja uma coisa só, por isso me dou tão bem por aqui, haha.

    Beijos, Sel | Quinta Gaveta ♥

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    1. Oi Sel, tudo bem? Você não tem ideia de como o seu comentário me deixou feliz porque ele mostra que consegui transmitir o que queria com o post! Caraca, que loucura se mudar pra cá né? Eu concordo plenamente com você, só fica aqui quem ama e que no fundo sabe que é maravilhosa essa quebra de rotina que São Paulo tem.
      Fico muito feliz que amou o texto, obrigada pelo cmt e volte sempre :D
      Beijos, magah <3

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  2. Parabéns pelo texto, muito bem feito e detalhado!!!

    "Aqui tem verde, tem azul, amarelo, rosa e muito, mas muito cinza. Passar por aqui é quase não perceber as outras cores diante dos infinitos tons de cinza que fazem este lugar. Acontece que as cores estão por dentro..."

    ↑ Fez eu me apaixonar um pouco e querer ler mais e mais dos teus textos...
    Continue assim e sucesso pro blog.
    #Escrivinhando

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    1. Oi Juan, tudo bom ctg? Muito muito muito obrigada de verdade, vou continuar postando os textos com certeza e espero que você goste dos outros como gostou desse!
      Obrigada pelo cmt e volte sempre :D
      Beijos, magah <3

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  3. Nossa amei seu texto. Eu amo morar em São Paulo .Mesmo com um espírito tão aventureiro e um sonho sem fim de novos rumos eu não me vejo fora daqui. Eu sinto uma sensação de liberdade. Eu amo sair pra passear e passar por vários lugares e ver o estilos das pessoas, suas expressões, aquela correria .. aqui com certeza é minha casa. Ah São Paulo, se você não estivesse em mim, eu com certeza estaria em você ! ♥

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    1. Oi Andreza! Eu também me sinto assim em relação aos novos rumos. Eu fico constantemente querendo me mudar pro Rio, ou pra Santos porque eu amo praia e sinto que isso me faria bem, mas a sensação de liberdade de São Paulo é algo que não da pra encontrar no mapa, só vivendo mesmo pra entender.
      Obrigada pelo cmt e volte sempre :D
      Beijos, magah <3

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