Recentemente fiquei sabendo de algumas coisas que me
incomodaram bastante, não apenas incomodaram, me chocaram muito, para ser bem
sincera. Ditadura da beleza e influência da mídia no comportamento das pessoas,
não são novidade pra ninguém, mas acredito que tudo tenha seu limite. E bem,
uma declaração de uma marca famosa - a Abercrombie & Fitch, para ser mais
exata – dizendo algumas das frases mais nojentas dos últimos tempos (já dita no
blog, e com mais detalhes sórdidos no site da época negócios), já é um absurdo
além de qualquer limite, mas parece que pouca falta de noção é bobagem. Esse
tipo de atitude não sendo o suficiente, ainda fiquei sabendo de uma certa
matéria da revista Vogue, que aliás veio antes da notícia anterior, cujo título
não pode ser mais sugestivo e insensato: “Comer pra quê? Fazer jejum está na
moda. Saiba mais sobre a dieta da vez.”
Não vou começar a citar os inúmeros problemas de saúde que esses
padrões completamente equivocados têm causado, e muito menos comentar o quão
vazias e de nível de qualidade e interesse quase nulos tem sido boa parte das
matérias de muitas das revistas de moda brasileiras. Acredito realmente que
jornalismo de moda tem muito potencial, mas se perde nesse tipo de besteira. Infelizmente,
discutir tudo isso agora sairia um pouco do foco.
Mas afinal, quem foi que disse que é bonito ser magro? Quem
disse que o peso determina a beleza de alguém?
Não sei se é possível achar o começo disso, saber como surgiu essa
palhaçada de que um tipo de corpo é superior a outro. Afinal não é de hoje que
esses padrões existem. Ao longo de toda a história padrões foram estipulados, e
muita gente sofreu pra atender a eles –
imagine usar aqueles espartilhos apertadíssimos todos os dias da sua vida – mas
pouco se aprendeu com esses excessos cometidos em nome da “beleza”. Até algumas
décadas atrás uma mulher muito magra não era considerada nada atraente, se
comparadas as curvas e a “fartura” apresentadas por mulheres como Marilyn Monroe.
Isso significa que ela era feia por que era magra? É claro que não, exatamente
como nos dias de hoje ter curvas e barriguinha não significa ser feia.
É até assustadora a quantidade de garotas fazendo dietas
para ter ossos salientes e aquele famoso vão entre as pernas. Podem até me
achar louca, mas minhas coxas se encostam e eu adoro isso em mim, arrisco até a
dizer que é um ponto forte meu. Cada
corpo tem suas formas e particularidades, e a partir do momento que você tenta
padronizar isso você perde toda a individualidade que a natureza te deu. Seguir
um padrão de beleza é como tentar entrar em uma forma onde seu corpo não se
encaixa por inteiro, e querer deforma-lo até que ele entre. Querer entrar na forma é como querer ser uma
boneca, com medidas padrão e fabricada em série, e mesmo atendendo a tudo isso
você perde o que era mais bonito, aquelas características que só você tinha, e
que só faziam sentido em você.
Não vou me colocar em um pedestal e dizer que eu nunca quis
entrar na forma, eu já quis sim. Quando eu tinha uns 13 anos eu quis domar meus
cabelos rebeldes e densamente cacheados, porque queria que eles fossem lisos
que nem o de todas as minhas amigas. Mas ai eu percebi que meu cabelo é lindo
assim, que ele é do jeito dele, e que ele é minha característica mais marcante,
nesse dia comecei a amá-lo como ele é, rebelde, armado e densamente cacheado. E
porque não se amar e se aceitar por inteiro? Porque achar que o espelho está
falando as mesmas bobagens que as revistas falam? Não existe por que.
E quanto àquelas matérias que me deixaram profundamente
indignada, apenas digo que estão erradas. Não só erradas, mas apoiando
preconceitos e padrões que sequer deveriam existir, e por tanto não merecem
credibilidade alguma. Mas mesmo assim a liberdade de expressão é para todos, e
eles devem dizer o que pensam, as pessoas é que não devem seguir esse
mesmo tipo de pensamento inútil, ignorante e completamente sem sentido.
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