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quinta-feira, 5 de junho de 2014

Quando seu sobrenome mudar.



Eu nunca fui daquelas que leva relacionamentos amorosos da forma certa. A real é que eu nunca fui daquelas que leva relacionamentos amorosos. Eis meu ponto fora da zona de conforto.
Desde muito nova eu deixei a vergonha me dominar nesse quesito. Eis uma outra Eu, que somente pessoas muito próximas conhecem, Eu insegura e cheia de vergonhas de si (não que me orgulhe disso). Nunca me deixei ser conhecida como sou. Nunca deixei os outros se aproximarem muito ou criarem vínculos por medo do que aconteceria depois. Nunca descobri o depois por não deixa-lo ser real.
De um tempo pra cá resolvi mudar, me abrir, tentar entender que alguém pode gostar de mim sim. E me deu uma vontade louca de deixar as pessoas descobrirem isso: Baladas, shows, saídas, sites, aplicativos... E foi ai que baixei o Tinder.
Confesso que o meu preconceito com o aplicativo é/era (nem sei) grande. Mas é claro que ainda não me libertei 100%, ele está lá, num cantinho no meu "desktop" do celular mas eu ainda não me conectei a ele.
Fui lá, ver o que falavam desse tal aplicativo que te promete conhecer gente linda e que se interesse mutuamente por ti. Tem gente que diz ser coisa de gente desesperada, que não sabe arranjar alguém "real" pra se relacionar. Tem gente que jura só ter conta pra se divertir conversando com gente que nem conhece (o que realmente é uma das coisas que me fez baixar o app), mas dentre todas essas opiniões, uma piadinha sem graça de twitter me chamou atenção:
"Filho quem é essa família Tinder que você tem todas adicionadas na lista de contatos?"
Mil coisas se passaram na minha cabeça. A verdade é que depois de conhecer as pessoas no Tinder o seu sobrenome muda completamente. Afinal, quem é você? Você se mostra 100% ao conhecer alguém no mundo virtual? Confesso que eu já fui mais fiel a mim nesse quesito.
O Bruno pode até ter um pouco de vergonha de si mas o Bruno Tinder sabe demonstrar toda a confiança necessária para marcar um encontro com a Fernanda que se sente perdida mas a Fernanda Tinder contou ao Bruno sobre todas as suas certezas na vida. A gente tende a achar que esse mundo é fake mas é muito mais fácil ser real atrás do seu novo sobrenome do que se abrir a quem te conhece por muito tempo.
A verdade é que usamos o app para mostrar a pessoas que ainda não conhecem nosso Eu de agora, quem realmente somos, escondendo nossas vergonhas, problemas e inseguranças atrás de telas de celular e emojis. Quem sabe não está na hora de todos assumirmos nossos "Eu Tinder" na vida real, e deixar que pessoas de carne e osso (e dígitos também, porque não?) nos conheçam.
E apesar de tudo isso, provavelmente agora vou lá dar meu primeiro passo conectando minha conta ao app e tentando decifrar mais de perto esse tal sobrenome.

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