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quarta-feira, 30 de julho de 2014

Sobre estar completo e abrir os olhos...


Trrrim, trrrim, trrrim fazia o despertador naquela tarde de sábado. Sem abrir os olhos ambos navegaram em pensamentos sobre suas características marcantes e tudo o que aconteceu na noite anterior. Uma garrafa de vinho, cigarros, uma avenida, um beijo do nada.
André, olhos claros, barba por fazer. Bermudas, tênis, bonés. Jornalismo, Califórnia, Red Hot. Romântico escondido, maloqueiro tachado, as vezes perdido.
Luiza, pele morena, cabelo alisado. Legging, Havainas, toucas. Moda, Londres, The Kooks. Insegura, leve, as vezes encontrada... Por ele.
André só conseguia pensar na respiração de Luiza ao seu lado. Embalado na estranha sensação de não estar sozinho, começou a repassar mentalmente todas as lembranças de alguém que está ali. Amava quando ela rodopiava na calçada como se ninguém pudesse parar o ciclo da sua existência. Sentia tudo mais leve ao encontrar os pés quentes embaixo do cobertor mesmo sabendo que a leveza estava em outra extremidade do seu corpo. Sabia então que estava completo como não se sentia a muito tempo...
Já Luiza, tentava lembrar do dia em que se conheceram, a quatro meses, quando viu André descer a Augusta de madrugada com seu skate e os fones. Lembrou da sensação de liberdade que aquilo lhe passou, soube naquele momento que se apaixonaria pelo "barba por fazer". Encontrou verdade nos olhos daquele cara tão moleque que foge um pouco de grandes responsabilidades mas equilibra a sua mania de estar em dia com tudo. Teve a sensação de que nada faltava, e nada faltava.
Depois daquele dia se passaram 2 meses até a mensagem que Luiza recebeu na tarde anterior. Esperava por ela, sabia que um dia viria, deu tempo ao tempo. Entendia os problema de André, sabia que o mundo não girava em volta de si e tentou seguir a vida todos os dias lembrando de um único dia, até o momento em que ele sentiria falta de se sentir completo porque sabia que somente juntos se sentiriam assim.
"Você pode me encontrar mais tarde?"
Tentaram guardar por todo esse tempo o que sentiam, só não conseguiram guardar o sorriso que saiu despreparado depois daquele encontro não programado.
E depois de todos esses pensamentos rápidos, juntos, desenfreados, resolveram que era hora de abrir os olhos.
Um para o outro.

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