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quinta-feira, 7 de julho de 2016

Eu ainda estou aqui.


Os últimos dias tem sido de uma bagunça e arrumação dentro de mim. Acho engraçado que senti praticamente todos os sentimentos possíveis que poderia sentir em questão de alguns poucos dias que passaram como se fossem apenas dois, ou três. Vocês também estão sentindo essa divisão de dias sendo rompida? Eu sei, pode ser porque eu estava muito mais focada dentro que fora.

Comentei hoje com a minha mãe que acho que pela primeira vez em anos me permiti ser egoísta. Foquei no que senti sem pedir desculpas de coração por algo que era ou não a minha culpa. Eu levo a vida da forma mais fácil, é real, tomando a culpa de todas as situações que me deixam mal com os outros sejam elas minha culpa ou não.

Dormi fora de hora, voltei a ver as séries que assistia a alguns anos atrás, passei a tarde jogada no sofá, comi potes de confete e permaneço ouvindo a mesma música sem parar fazem uns 8 dias. E cada vez que eu a ouço é um sentimento diferente, é como se ela tivesse passando por esse momento comigo e me mostrando como a cada dia eu fui amadurecendo cada um desses sentimentos que ando sentindo.
No primeiro dia eu chorei. No segundo também, no terceiro um pouco mais, no quarto um pouco menos. E ai eu comecei a cantar alto, em bom som, no tom em que provavelmente o condomínio inteiro a ouviu sair da minha boca. E depois eu sorri.
Fui inconscientemente tentando resgatar cada uma das coisas que faziam sentido pra mim. É verdade que nos últimos meses ando numa bagunça sem fim que não afeta só cada metro quadrado do meu quarto ou os meus horários de trabalho mas também a minha cabeça e algo que vive ali do lado esquerdo do peito.

Sentei encostada na parede e cantei como fazia antigamente, nas aulas de coral que faziam a minha semana mais especial, e só agora, escrevendo isso, percebi que elas também eram as quartas a noite.
Escrevi o que estava sentindo sem nenhum filtro, desenhei um universo e pensei seriamente se não era hora de começar uma vida nova, fiquei analisando o que realmente me prende aqui. Minhas coisas, minha família, meus amigos, os lugares em que gosto de ir, minha facilidade em me encontrar nessa cidade, ver as janelas na altura das pontes do anhangabaú, amanhecer subindo a augusta, comer pizza enquanto meus amigos cantam djavan na roosevelt, ficar acordada de madrugada escrevendo nesse blog enquanto olho a sala que minha mãe ama e a parede de tijolos que sempre me lembra que é igualzinha a da casa do du.
Mas foi ai que percebi que isso tudo sou eu. Que por mais que eu queira fugir de uma situação complicada e que talvez tenha até me mostrado que não sou mais a mesma que já fui, sou eu. Antes, agora e depois.

Todo esse caos de sentimentos também sou eu. Minhas horas tentando aceitar as coisas como são, minha dificuldade em decidir o próximo passo, minha facilidade em amar e a dificuldade em perdoar. Os momentos em que me olho no fundo dos olhos no espelho e fico me perguntando pra onde ir ou aqueles em que eu simplesmente sorrio pra mim mesma me dizendo do fundo do coração que vai dar tudo certo.
É assim que eu sei ser.
E por mais que eu esteja colocando cada pedaço dessa bagunça em seu lugar, foi ela que me fez ser assim e agora. É sobre não se arrepender de cada coisa fora do "lugar correto" que você já encontrou na sua vida, foram elas que te trouxeram até aqui.

E talvez seja por isso, para me reconhecer, que continuo ouvindo a mesma música. "Mesmo quando me descuido, me desloco, me deslumbro, perco o foco, perco o chão e perco o ar, me reconheço em teu olhar que é o fio pra me guiar de volta. Tenta me reconhecer no temporal, me espera. Tenta não se acostumar, eu volto já, me espera. Eu ainda estou aqui."

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